COMO A CONVERGÊNCIA DE PROTOCOLOS REDUZ O CUSTO E FACILITA O GERENCIAMENTO DA INFRAESTRUTURA DO DATACENTER 1 Jackson Rodrigo Braga Resumo: Este trabalho faz um estudo da adoção da tecnologia de convergência de protocolos na rede LAN de datacenters sob o ponto de vista do gestor de TI, avaliando a viabilidade prática e financeira relacionado à implantação ou migração para esta nova tecnologia. A metodologia utilizada para este artigo foi o modo de pesquisa descritivo incluindo pesquisas não probabilísticas com 4 empresa, sendo 2 usuárias de LAN clássica e 2 de LAN convergente. A partir dos dados obtidos pode-se notar que as empresas que possuem redes convergentes puderam implantar com mais facilidade soluções de contingência e realizar de uma forma mais rápida, barata e segura expansões em seus ambientes. Palavras-chave: Convergência. DCB. Datacenter 1 INTRODUÇÃO A demanda do consumo de sistemas informatizados vem crescendo exponencialmente ano após ano incansavelmente, e para dar suporte a este consumo, os datacenters precisam crescer juntos. A capacidade de processamento de servidores e a área de armazenamento de storages são consumidas rapidamente por cada vez mais usuários, mais dados, mais serviços 1 Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Datacenter, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Datacenter. instalados, gerando para a equipe técnica desses ambientes um grande desafio administrativo. De acordo com o IDC (ORACLE, 2014), implantações e integrações de novas tecnologia em um datacenter de forma rápida e eficiente é o maior desafio dos CIOs, pois como nem sempre esse crescimento é devidamente planejado e nunca temos a opção de parar tudo e reorganizar todo o ambiente, a cada expansão de um datacenter geramos também problemas. Dentre as dificuldades comumente encontradas, fazer os novos equipamentos se integrarem ao ambiente atual como engrenagens de uma máquina foi unânime. Vimos problemas relacionados a soluções de virtualizações incompatíveis entre si, storages de diversos fabricantes ou tecnologias que não permitiram trabalhar como um só ou serem virtualizados, gerando silos de armazenamento e a questão da conectividade nesses equipamentos, onde os problemas se tornam realmente físicos. A cada novo servidor foram necessários vários cabos de rede (sejam UTP, Twinax2 ou fibra óptica) que percorreram todo o datacenter até encontrar seus LAN switches e SAN switches. Porém, como esses switches possuem uma limitação física de quantidades de portas de acesso, é uma situação bem comum a aquisição de novos switches juntamente com servidores e storages. Esses por sua vez devem ser integrados aos atuais, serem configurados, terem suas vlans3 e seus zonning4 estendidos, terem suas portas de interconexão (trunking) bem dimensionadas e se tudo correr muito bem, o administrador terá apenas mais equipamentos para manter patches e firmware atualizados e mais hops5 para analisar no seu troubleshooting6. Este estudo teve como objetivo analisar ambientes com os dois cenários, tanto com LAN clássica como LAN convergente, entender como funcionou o processo decisório, levantar 2 Cabo Twinax é um cabo metálico que possui transceivers SFP ou SFP+ em suas extremidades. É uma opção barata para se substituir a conexão através de fibra óptica para distancias de até 10 metros. 3 Segmentação lógica de uma rede LAN. 4 Segmentação lógica de uma rede SAN. 5 Cada vez que um tráfego passa por um dispositivo de rede é contado como um hop. 6 Processo de diagnóstico de problema. quais facilidades e dificuldades que tais topologias trouxeram à empresa e analisar sob o ponto de vista do negócio os prós e os contras. Foi utilizado para elaboração deste artigo uma pesquisa aplicada empírica exploratória onde foi explicado o que é a convergência de protocolos e qual a sua real e prática aplicação. A pesquisa de dados utilizou dados fornecidos por documentações públicas e também foi feito uma amostragem não-probabilística com 4 empresas, duas que aderiram ao modelo convergente e duas que adotaram o modelo clássico para verificar suas opiniões sobre os dois modelos. 2 CONVERGÊNCIA DE REDES DE DATACENTER A convergência de protocolos dentro de um datacenter se refere a utilização de apenas um cabo físico, onde trafegam dados de LAN e SAN7. Essa consolidação somente foi possível através do desenvolvimento do DCB (Data Center Bridging), que não é um protocolo especificamente, mas um conjunto de protocolos que promoveram um aperfeiçoamento da Ethernet (ORACLE, 2012). Essa “suite” de inovações aplicadas a Ethernet, onde o trafego IP e FC8 compartilham o mesmo meio físico, tem como base de funcionamento a alocação de filas específicas por tipo de tráfego, onde desde a origem (vinda de uma placa de rede especial chamada CNA (converged network adapter) até o switch que suporta estas features (converged ou fabric switch) é classificado baseado em CoS e segue para sua fila especifica. Dessa forma é possível através da priorização de tráfegos e pausas, criar uma rede chamada lossless ethernet, o que tornou viável o tráfego simultâneo de dados onde pode existir perda e retransmissão (LAN clássica), tráfegos que devem ter prioridades sobre outros, mesmo 7 Storage Area Network. Rede dedicada ao tráfego de dados de storages. 8 Fibre Channel. Protocolo utilizado para o tráfego de dados de storages. que haja retransmissão (VoiP, por exemplo) e tráfegos que é inadmissível perdas de pacotes (FC) (MICROSOFT, 2013). Todas as extensões do Ethernet incluídas pelo grupo 802.1 do IEEE foram ratificadas e se tornaram padrão de mercado, garantindo a interoperabilidade entre fabricantes. São elas:  Priority-based Flow control (PFC; IEEE 802.1 Qbb) O compartilhamento da banda de um link é crítica para a consolidação de tráfegos, e para esse compartilhamento ser bem sucedido deve-se atender a três premissas. 1) Grandes rajadas de tráfego (bursts) de um único tipo de tráfego não pode afetar tráfegos de outros tipos; 2) Filas de tráfego de um tipo específico não pode consumir recursos de outros tipos de tráfego; 3) Priorização de um tipo de tráfego não pode criar altas latências em tráfegos curtos de outros tipos. Desde a criação da Ethernet clássica já havia sido implementado uma função de “pause”, que conseguia parar o tráfego de um determinado link visando evitar buffer overflows, porém, como na Ethernet clássica existia apenas uma queue, todo o tráfego do link era parado. Para atingir esses três objetivos então foi aperfeiçoado a função “pause” que já existia na Ethernet clássica particionando o link físico em oito links virtuais e permitindo que o mecanismo de pause pudesse pausar e reiniciar tráfegos desses links virtuais individualmente, possibilitando dessa forma gerenciar o fluxo de dados baseado em prioridade (CoS). Outro ponto importante é que o PFC permite politicas de QoS9 independentes em cada um dos 8 links virtuais. Dessa forma, o mecanismo de pausa e QoS independentes permitem a criação de um link sem perdas (loss-less), para tráfegos que requerem um serviço no-drop10, como o Fibre Channel over Ethernet (FCoE) 9 Quality of Service, técnica de se identificar um tráfego e atribuir determinada prioridade a ele. 10 Tipo de tráfego onde não se permite perda de pacotes. enquanto mantem o gerenciamento de tráfegos que permitem perdas de pacotes (tráfego IP), conforme ilustrado na figura 1 (CISCO, 2010). Figura 1 – Priority-based Flow Control. Fonte: CISCO, 2010.  Enhanced Transmission Selection (ETS; IEEE 802.1Qaz) O ETS é uma funcionalidade que permite a atribuição de porcentagem de consumo de banda mínima permitida a cada um dos tráfegos previamente classificados pelo QoS (802.1p) independentemente em cada um dos 8 virtual links criados pelo PFC. Como podemos ver na figura 2, caso o tráfego demandado no momento esteja abaixo da capacidade do link o ETS não atua no tráfego, porém, assim que o limite de banda é atingido o ETS é ativado e começa a atuar nos shares de banda previamente configurados, garantindo assim que determinado tipo de tráfego não seja afetado por outros. Figura 2 – Enhanced Transmission Selection. Fonte: CISCO, 2010. A figura 2 ajuda a ilustrar a atuação do ETS, onde temos os seguintes shares: Verde: 20% Laranja: 30% Azul: 50% Em t1 as três classes estão demandando 3Gbps cada, o que coloca o tráfego total abaixo do limite do link. Sendo assim, em t1 o ETS não tem qualquer atuação sobre o tráfego. Em t2 temos um aumento de consumo do tráfego azul e como existe banda disponível ele a ocupa. O ETS entra em atuação nesse momento e caso seja necessário atua distribuindo o tráfego de acordo com as porcentagens previamente definidas. Em t3 o tráfego azul sobe para 6Gbps, como a soma do tráfego excede o limite do link, o ETC reduz o tráfego verde para 2Gbps (20% conforme a politica), o laranja permanece inalterado (30%) e o azul que estava “pedindo” 6Gbps ganha 5Gbps (50%). Vale ressaltar que a informação de share de banda é compartilhada entre o switch e a placa de rede do servidor. Em uma rede convergente as placas de redes também devem ser preparadas para isso, por isso não se utilizam as tradicionais NICs (network interface cards) mas sim as CNAs (converged network adapters) que trocam informações entre si e o switch e montam seus links virtuais e atribuem as mesmas porcentagens de consumo de banda que foram configuradas no switch, permitindo assim uma gerência mais eficiente evitando descartes de pacotes que consequentemente consome ciclos de processador para cálculo, serialização e reenvio (CISCO, 2010).  Congestion Notification (CN; IEEE 802.1Qau) Congestion Notification é um protocolo que roda na camada 2 e que gerencia o tráfego evitando que o buffer destino (RX) encha e assim, evitando perdas e retransmissões de pacotes. Ele atua enviando uma mensagem para os switches que estão enviando os dados (TX) para que eles reduzam sua velocidade de transmissão (traffic shape). A figura 3 abaixo mostra um switch de agregação solicitando a dois switches de acesso reduzirem a velocidade de transmissão pois devido a taxa média de transmissão e a porcentagem de ocupação do seu buffer ele “sabe” que em breve haverá um congestionamento. Figura 3 – Congestion Notification. Fonte: CISCO, 2010. Como o Congestion Notification atua dentro de cada fila de prioridade, respeitando a classificação 802.1p (onde cada fila possui seu próprio buffer) a atuação de redução de velocidade de um tipo de tráfego não afeta os outros (CISCO, 2010).  Data Center Bridging Capability Exchange (DCBX) Por fim temos o DCBX (que é uma extensão do protocolo LLDP usado para notificações de controle) que é um protocolo de descoberta e troca de informações sobre capacidades dos dispositivos interconectados, conforme ilustrado na figura 4. Figura 4 – Data Center Bridging Capability Exchange. Fonte: CISCO, 2010. As capacidades do protocolo DCBX incluem:  Descoberta de dispositivos compatíveis com DCB  Detecção de configurações divergentes  Detecção da configuração dos links DCB entre os dispositivos  Grupos de prioridade ETS  Configuração do PFC  Configuração do CN  Estado up/down lógico dos links  Virtualização (particionamento) de placas de rede. (CISCO, 2010) Após a pesquisa dos aspectos teóricos, onde foi apontado os mecanismos de engenharia de tráfego da suíte DCB, seguimos com um levantamento de informações coletadas de empresas usuárias de redes convergentes e clássicas. APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS DADOS COLETADOS O formulário foi criado através de ferramenta do Google (Google Forms) e distribuído via e-mail para 4 clientes. Como as empresas são do ramo de tecnologia todas consideraram a divulgação pública de detalhes do seu ambiente um risco ao negócio e pediram para que o seus nomes não fossem divulgados. A “empresa A” é uma empresa do ramo de tecnologia, fornecedora de soluções de Datacenter para o mercado sul do Brasil. É uma empresa com mais de 30 anos de mercado atuando com os maiores players do mercado de infraestrutura. O questionário abaixo foi respondido no dia 18/06/2017 pelo analista responsável pela infraestrutura. A “empresa B” é uma empresa do ramo de importação, atuando como broker de itens de tecnologia para o mercado brasileiro. É uma empresa com 2 anos de mercado atuando com importação principalmente de produtos das marcas HP e Ricoh. O questionário abaixo foi respondido no dia 19/06/2017 pelo sócio proprietário da empresa. A “empresa C” é uma empresa do ramo de distribuição de partes e peças, fornecendo spare parts para clientes HP, Dell, IBM, Samsung e Lexmark. É uma empresa com 8 anos de mercado com atuação principal nos mercados sul e sudeste do Brasil. O questionário abaixo foi respondido no dia 19/06/2017 pelo coordenados de serviços tecnológicos da empresa. A “empresa D” é uma empresa do ramo de outsourcing de impressão e maior parceiro Lexmark do Brasil. É uma empresa com 6 anos de mercado com atuação em todo território brasileiro. O questionário abaixo foi respondido no dia 20/06/2017 pelo seu Gerente de TI. A tabela 1 apresenta os questionários compilados. Tabela 1 – Resultados dos questionários Questões Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Qual modelo de rede é predominantemente LAN Convergente LAN Convergente LAN Clássica LAN Clássica adotado no Datacenter da sua empresa? Há quantos anos foi realizada sua instalação ou De 1 à 3 anos Há menos de 1 ano De 1 à 3 anos Mais de 5 anos última atualização? Qual modelo melhor Meus servidores são Core - descreve a topologia da rede Distribuição - Core - Acesso ligados diretamente Distribuição – do Datacenter da sua Acesso no Core de rede. Acesso empresa? Possuir uma Possuir uma Possuir uma Possuir uma infraestrutura infraestrutura infraestrutura infraestrutura preparada para preparada para suficiente para suficiente para suportar novos suportar novos atender o atender o modelos de modelos de Qual a razão da adoção negócio sem negócio sem equipamentos e equipamentos e deste modelo? gastar muito. gastar muito. tecnologias. tecnologias. Decisão alinhada Decisão alinhada Decisão Decisão com o plano com o plano exclusiva da exclusiva da estratégico da estratégico da equipe de TI. equipe de TI. empresa. empresa. Como se deu o Informações planejamento da Informações obtidas por 1 ou implantação ou atualização Informações obtidas Informações obtidas obtidas da sua mais da infraestrutura de rede da sua equipe técnica da sua equipe técnica equipe técnica representantes do Datacenter de sua de fabricantes empresa? Informações obtidas Informações obtidas por 1 ou mais por 1 ou mais representantes de representantes de fabricantes fabricantes Realização de provas de conceitos Em caso de upgrade, os Reutilizados em Foi uma compra Foi uma compra Removidos equipamentos de rede outro ambiente ou inicial, não inicial, não upgrade completamente antigos foram: para outro propósito upgrade Quantos servidores físicos estão instalados no De 5 a 10 De 1 a 5 De 1 a 5 De 5 a 10 Datacenter da sua empresa? Quanto ao armazenamento, Possuo mais de 1 Armazenamento qual opção melhor descreve Centralizado em 1 Centralizado em storage (com distribuído em o Datacenter da sua storage 1 storage replicação) servidores empresa? Qual a forma de conexão do NAS FcoE FcoE FC storage aos servidores? DAS Possuo apenas um Não possuo Não possuo Possuo um hot site Possui algum plano de BCP (Business qualquer forma qualquer forma dentro da minha contingência? Continuity Plan) de redundância de redundância empresa interno ou em cloud ou BCP ou BCP Unified VOiP VOiP VOiP messaging Unified PCoIP Videoconferência messaging Videoconferência Unified messaging Quais das tecnologias Unified messaging FCoE abaixo são empregadas na sua empresa? iSCSI FCoE TRILL Fabric Extender/Port Extender (IEEE 802.1BR) Quais são os principais Cisco Cisco Brocade Dell fabricantes presentes no seu datacenter? HP/3Com Fonte: Elaboração do autor, 2017. ANÁLISE DO PONTO DE VISTA DE CONTINGÊNCIA E ESCALABILIDADE Foi possível notar através do levantamento de perfil dos entrevistados, que as empresas que possuem uma rede de Datacenter Convergentes também possuem alguma forma de plano de contingência. A empresa A possui um hot site externo e a empresa B possui um BCP11. Contudo, as empresas C e D, ambas usuárias de rede clássica no seu Datacenter não possuem qualquer forma de redundância ou contingência. Isso pode ser explicado pelo fato da convergência viabilizar a adoção de novos protocolos de comunicação e adição de novos equipamentos sem necessitar de aquisição de hardware e alterações de conexões físicas. Citemos como exemplo a Empresa C, que possui um storage ligado em FC aos seus hypervisors12, conforme figura 5. Figura 5 – Topologia LAN Clássica. Fonte: Elaboração do autor, 2017. 11 Business Continuity Plan. Ambiente que contém os equipamentos necessários para o funcionamento mínimo da empresa. 12 Equipamento responsável por hospedar as virtuais machines. A Empresa C adquiriu uma tape library 13e precisa apresentá-la ao seu software de backup que por sua vez é uma virtual machine. Como os hypervisors não fazem a entrega de medium changers 14e tape drives15, faz-se necessário utilizar o que é chamado de Hardware Passthrough, onde um placa especifica é apresentada diretamente à virtual machine sem passar pela camada de software do hypervisor. O ambiente resumidamente seria dado pela figura 6: Figura 6 – Topologia LAN Clássica com adição de dispositivo FC. Fonte: Elaboração do autor, 2017. Para a implantação da solução acima, seria necessário: - Aquisição de uma HBA FC16; - Aquisição de um cabo de fibra óptica LC-LC; - Janela de manutenção para instalação da HBA; - Passagem da fibra nova; - Utilização de mais uma porta do SAN Switch; 13 Equipamento de backup que contém diversas fitas magnéticas em seu interior. 14 Braço robótico que manipula as fitas magnéticas dentro de uma tape library. 15 Unidade de gravação de fitas magnéticas. 16 Host Bus Adapter. Equipamento responsável por fazer um servidor se comunicar com uma rede de storage. - Configuração da porta do SAN Switch; - Instalação da Tape library; - Passagem do cabeamento da Tape library; - Configuração da porta do SAN Switch; - Configuração do zonning; - Configuração do passthrough no hypervisor; - Instalação do driver da HBA na virtual machine; - Configuração do software de backup; Agora se considerarmos o ambiente da Empresa A ou B em mesma condição de exemplo, temos o ambiente atual representado pela figura 7: Figura 7 – Topologia LAN Convergente. Fonte: Elaboração do autor, 2017. Caso essas empresas precisem implantar a mesma solução de backup da Empresa C, a topologia final ficaria conforme a figura 8: Figura 8 – Topologia LAN com adição de dispositivo FC. Fonte: Elaboração do autor, 2017. Para a implantação da solução acima, seria necessário: - Instalação da Tape library; - Passagem do cabeamento da Tape library; - Configuração da porta do SAN Switch; - Configuração do zonning; - Configuração do passthrough no hypervisor; - Instalação do driver da HBA na virtual machine; - Configuração do software de backup; A tabela 1 sintetiza as atividades, tempo estimado para a execução da implantação nos clientes tomados como exemplo e atribui uma razão de valor: Tabela 1 – Estimativa de custos entre cenários Clássicos e Convergentes. Tempo Tempo LAN Clássica LAN Convergente estimado estimado Aquisição de uma HBA FC; NA Não necessário NA Aquisição de um cabo de fibra óptica LC-LC; NA Não necessário NA Janela de manutenção para instalação da HBA; 2 Horas Não necessário NA Passagem da fibra nova; 0,5 Horas Não necessário NA Utilização de mais uma porta do SAN Switch; NA Não necessário NA Configuração da porta do SAN Switch; 0,5 Horas Não necessário NA Instalação da Tape library; 0,5 Horas Instalação da Tape library; 0,5 Horas Passagem do cabeamento da Tape library; 0,5 Horas Passagem do cabeamento da Tape library; 0,5 Horas Configuração da porta do SAN Switch; 0,5 Horas Configuração da porta do SAN Switch; 0,5 Horas Configuração do zonning; 0,5 Horas Configuração do zonning; 0,5 Horas Configuração do passthrough no hypervisor; 0,5 Horas Configuração do passthrough no hypervisor; 0,5 Horas Instalação do driver da HBA na virtual machine; 0,5 Horas Instalação do driver da HBA na virtual machine; 0,5 Horas Configuração do software de backup; 1 Hora Configuração do software de backup; 1 Hora TOTAL EM HORAS 7 Horas TOTAL EM HORAS 4 Horas TOTAL APROX. EM REAIS* R$9.500,00 TOTAL APROX. EM REAIS* R$ 2.400,00 Fonte: Elaboração do autor, 2017. *Considerando: R$4.000,00 HBA FC 8Gbps Qlogic / R$200,00 Cabo LC/LC OM4 5mts / R$1.100,00 pela licença de 1 porta do Switch Brocade 300E / R$ 600.00 do valor de hora técnica fora de horário comercial. Esse é um simples exemplo prático dos benefícios da utilização de apenas uma das tecnologias convergência, o protocolo DCB (Data Center Bridging). Contudo, se elevarmos a escala do cenário, deduz-se que essa diferença de valores pode ser da ordem de milhões de Reais se considerarmos um ambiente com centenas de servidores e dezenas de storages, não apenas pelas horas de serviço e hardware envolvido, mas também pelo fato de que cada placa conectada a um servidor consome energia elétrica, dissipa calor e ocupa espaço, ou seja, impacta diretamente nos 3 itens mais caros de um Datacenter: consumo, refrigeração e espaço físico. Podemos ainda considerar de forma muito relevante o risco envolvido em se trabalhar com lançamento e conexões de cabos em um ambiente produtivo e os shutdowns 17necessários, que em ambientes de grande densidade, necessitam de janelas de horas e envolve negociação entre áreas, afeta a prestação de serviço e impacta diretamente a imagem da área de TI ou até mesmo a imagem da empresa pelo público consumidor. Estas conclusões porém, podem ser 17 Processo de realizar o desligamento controlado dos equipamentos de infomática tratadas em um futuro trabalho considerando o impacto das redes convergentes em grandes datacenters. Algumas outras vantagens das redes convergentes são listadas abaixo: Multi-Chassis Link Aggregation Group (IEEE 802.1aq) MC-LAG, mostrado na figura 9, é a possibilidade de criar um link aggregation group (LAG) entre equipamentos que não compartilhar a data-plane 18entre si (non- stacked). Essa funcionalidade além de flexibilizar o desenho da rede permitindo distancias muito superiores entre os equipamentos upstreams19 também fornecem uma disponibilidade maior visto que como os switches upstream não compartilham a data- plane, eventuais falhas não se propagam para o seu par. Figura 9 – Conexão Multi-Chassis Link Aggregation. Fonte: ROUTER JOCKEY, 2012 18 Circuito interno de um switch responsável por realizar e controlar a comunicação entre as portas. 19 Equipamentos que concentram o tráfego de dados vindos de outros switches. Bridge Port Extension (IEEE 802.1BR) O Bridge Port Extension funciona como se fosse um linecard20 tradicional dentro de um switch do tipo chassis, porém instalado remotamente. Essa é uma das funcionalidade mais atrativas das redes convergente, pois permite que, do ponto de vista físico, se tenha uma rede configurada com switches Top-Of-Rack21 e End-Of-Row 22tradicional, porém do posto de vista lógico é como se todos os servidores estivessem ligados diretamente no equipamento End-Of-Row (ou Core), o que facilita muito a gestão de ativos e configurações, como pode ser observado na figura 10. Figura 10 – Topologia física e lógica do Bridge Port Extension. Fonte: CISCO, 2014. ANALISE DO PONTO DE VISTA DE RAZÃO DE ADOÇÃO DO MODELO DE REDE Se observamos o que foi determinante na escolha do modelo de rede, veremos que as empresas que adotaram o modelo convergente (empresa A e B), estavam buscando uma infraestrutura que fosse preparada para o futuro, que pudessem crescer de acordo com a demanda sem precisar redesenhar a sua infraestrutura. Já as empresas C e D, onde foi adotado a rede clássica, ambas tiveram como motivadores principais a implantação de uma infraestrutura suficiente para atender o negócio, investindo o mínimo necessário. 20 Placa que é conectada dentro de um switch modular. 21 Denominação da topologia onde os equipamentos dentro de um rack são conectados a um switch que está no interior do mesmo rack 22 Switch responsável por concentrar as conexões vindas dos switches top-of-rack. Um outro ponto que também chama a atenção é o fato das empresas que buscaram uma infraestrutura preparada para o futuro tomaram essa decisão alinhada com plano estratégico da empresa, enquanto a equipe de TI foi a responsável pela decisão nas empresas que fizeram apenas o suficiente para atender o negócio. 3 CONCLUSÕES A evolução tecnológica não é uma opção, ela é presente no cotidiano das empresas e temos que lidar com ela e embora muito esteja sendo feito para transformar o mundo das comunicações, temos que ter discernimento para escolher o que absorveremos ou não. Das quatro empresas estudadas na pesquisa, embora metade tenha adotado redes convergentes e a outra metade adotado redes clássicas, todas elas estão com a sua operação normal e atendendo ao negócio. Notou-se assim que a convergência de protocolos de redes traz facilidades e resolvem problema que talvez algumas empresas de fato não os tenham, e nesse caso, uma troca de conceito como do clássico para o convergente incorra em custos e riscos desnecessários. Durante a pesquisa para elaboração desse trabalho foi observado que o convergente não é o atual e o clássico o ultrapassado. Tanto uma rede convergente quanto uma rede clássica contam com equipamentos modernos e seus fabricantes desenvolvendo melhorias em ambos, fazendo assim a LAN clássica e a convergente não serem concorrentes, mas vertentes, cada qual com suas aplicações e ambientes que se encaixam e desempenham um papel eficiente. Dessa forma, para empresas que desejam implantar soluções modernas, como VoIP, PCoIP, videoconferência ou telepresence, juntamente com uma TI estratégica, a convergência se torna mais aderente, como visto, com implicações diretas na redução de custos operacionais, uma vez que as tecnologias envolvidas viabilizam o home office, reduzindo custos de telefonia e de viagem, além de facilitar a implementação de soluções de contingência e escalabilidade, proporcionando uma maior disponibilidade dos serviços, e com isso, assegurando a continuidade do negócio. E como constatado, tudo isso com um custo de implantação e operação reduzido. Já para empresas que desejam manter apenas uma infraestrutura suficiente para atender o negócio, com um capex23 menor e sem maiores implicações em disponibilidade, segurança e escalabilidade, a LAN clássica ainda é o modelo de adoção preferido. Puramente o fato de se adotar tecnologias novas não faz uma empresa ser mais eficiente. O que de fato faz uma empresa ser eficiente é conhecer as opções e escolher a que melhor se adequa a sua realidade. 23 Capital Expenditure (Despesas de capital). A parte do custo de um empresa despendido na aquisição de bens (equipamentos e instalações). REFERÊNCIAS ORACLE (Comp.). Integrated Infrastructure and Platforms: Realizing Operational Benefits Through Integrated Support Delivery. 2014. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2017. ORACLE. DCB Protocol. 2012. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2017. MICROSOFT. Data Center Bridging (DCB) Overview. 2013. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2017. CISCO. Data Center Bridging. 2010. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2017. ROUTERJOCKEY. MC-LAG. Disponível em: https://routerjockey.com/wp- content/uploads/2011/02/vPC.png CISCO. Bridge Port Extension. Disponível em: http://www.cisco.com/c/en/us/products/collateral/switches/nexus-9000-series- switches/guide-c07-733228.html